Desde a semana passada estou combinando com um grupo de amigas brasileiras de fazer um churrasco nesse sábado para juntarmos as famílias e nos vermos novamente. Já temos a lista do que cada uma vai levar e estava tudo certo até vermos a previsão do tempo.
Sim, a previsão do tempo pode ser um fator determinante para um churrasco sair ou não, já que os alemães só o fazem se tiver muito calor e sol (sobre o tema veja minha cronica http://www.brasanha.de/temporada-de-churrasco/).
São Pedro estava colaborando para o nosso churrasquinho, que teria até picanha brasileira, eis que, de repente, a previsão do tempo mudou, e a partir de amanhã, sexta-feira, irá chover, baixar a temperatura e o tempo no sábado será instável. Segundo a previsão do tempo.
Estamos a ponto de cancelar o evento por causa dessa fatídica notícia. Por quê? Porque alemão sempre pensa demais antes de fazer as coisas, sempre pensa em todas as possibilidades de algo dar errado, ao invés de pensar primeiro nas coisas que poderão dar certo.
Nesse caso específico, pensa-se: como vamos assar a carne na chuva? Onde todos vão se acomodar dentro de casa para comer?
Os brasileiros o fariam de qualquer maneira, aliás, para fazer churrasco entre amigos, nem se precisa tanto planejamento, um liga para o outro e diz: “e aí, está a fim de um churrasquinho hoje a noite?” faça chuva ou faça sol, é garantido que sai.
Planejar muito e deixar de fazer coisas pensando em todas as hipóteses do que pode acontecer, deixamos também de viver momentos de improvisação, inusitados e engraçados. Um churrasco que ficou para a história da minha família, foi de um tio-avô assando a carne com um guarda-chuva na mão abaixo de um temporal de verão, garanto que muita gente já vivenciou isso, pois na internet está cheio de fotos de churrasqueiros abaixo de chuva.
Pois nós, brasileiras alemanizadas, sofremos com esse conflito de estar no meio de duas culturas totalmente diferentes. Por um lado a razão alemã nos diz: não faz, vai chover, como assar debaixo de chuva, voces terão que ficar dentro de casa com a criançada toda. Por outro o nosso coração está ávido por um imprevisto, e o nosso paladar já com gosto da picanha.
Larissa d’Avila da Costa, Gilching maio 2017