Às não melhores mães do mundo

Nesse dia das mães, quero chamar a atenção daqueles que não tem uma mãe para dizer “melhor mãe do mundo”, porque sim, há mães que não são as melhores mães, no sentido clássico ou habitual do que se espera ser uma boa mãe.

Mães ausentes, mães com algum tipo de vício, mães agressivas ou mães que simplesmente abandonaram o seu papel. Quero dizer a esses filhos, apesar de toda a dor que levam consigo, que tentem perdoar essa maternidade que não deu certo e verem essa mulher como uma pessoa que talvez tenha recebido essa incumbência como uma imposição, muito mais do que seu desejo. Ou talvez de um desejo, mas sem saber da realidade que é assumir essa função que não vem com manual de instruções, e tenha se sentido sobrecarregada com tamanha responsabilidade.

Tornar-se mãe não é uma tarefa para todas as mulheres. Exige incumbir-se de um comprometimento para o resto da vida, missão essa, que nem sempre é clara quando se romantiza a maternidade. Exige  educar e cuidar constantemente,  abdicar de seus desejos e vontades, muita resiliência e paciência infinita.

Talvez a não melhor mãe do mundo não tenha tido a chance de refletir sobre tudo isso, possivelmente não estava preparada psicologicamente ou estruturada socialmente para assumir essa responsabilidade. Talvez ela tenha tido uma depressão pós-natal nunca identificada, que tornou para essa mulher impossível conectar-se com seu filho.

À essas mulheres, minha imensa compaixão, pois acredito que a maioria tenha tido a imensa vontade e intenção de acertar, de poder dar o amor incondicional, que é esperado da tão romantizada maternidade.

Aos filhos dessas mulheres, tentem ver essa mulher como um ser humano que não deu conta de arcar com uma responsabilidade, que, dadas as circunstâncias, é muito mais imposta pela sociedade do que de fato querida pelas mulheres.

O peso que as mulheres carregam tentando ser a mãe perfeita é muito maior que o atribuído aos homens tentando ser o pai perfeito. A esses a sociedade admite com muito mais facilidade o abandono ou as faltas cometidas. Libertar-se desse estigma ou amenizá-lo não é tarefa fácil. Isso tudo diz respeito a equidade de gêneros e a caminhada ainda é longa.

Larissa d’Avila da Costa, Gilching maio de 2023.