Bicicletas

Uma pesquisa me diz que só 5% dos alemães se locomovem de bicicleta para suas atividades diárias. Isso dá mais ou menos 4,5 milhoes de pessoas que vão diariamente do trabalho para casa, supermercado, faculdade, etc de bicicleta. Parece-me pouco. Surpreendo-me a cada dia como e em que condições os alemães utilizam esse meio de transporte.

Na primavera e no verão acho ótimo andar de bicicleta, além de saudável, não polui a natureza e tal, mas no inverno?? Abaixo de chuva e neve? Aí falta minha compreensão. Hoje por exemplo, está fazendo uns -6°C, a neve está acumulada uns 20cm, as calçadas e ruas estão todas lamacentas com a neve pisada e repisada (sim, neve só é bonita quando se vê de longe, quando se começa a pisar nela vira lodo) e ainda assim há gente que anda de bicicleta!! Incrível. Até parei para observar como eles conseguem essa proeza. Andar de bicicleta nas ruas e calçadas escorregadias não é para qualquer um. Tem que haver muito treino para conseguir executar essa façanha. E nos dias em que está chovendo e frio, então? Lá estão os alemães belos e faceiros em suas bicicletas, com uma capa de chuva própria para esse tempo super agradável, em que as mangas da capa são largas e protegem também as pernas do ciclista.

E há, claro, todo o aparato para que os saudáveis e amigos da natureza ciclistas possam efetivar suas atividades carregando também seus filhos. Além da costumeira cadeirinha que é colocada na garupa da bicicleta, há também a versão para mais de uma criança; que consiste num carrinho, que é engatado na bicicleta seguindo o princípio de uma carreta para carros. Pois aí nessa “carretinha” ou “carrinho” acomodam-se tranquilamente dois pimpolhos, que podem até dormir confortavelmente enquanto seu progenitor pedala.

Mas o pior de tudo mesmo são aqueles que viajam de bicicleta. Tiram férias para viajar quilômetros e quilômetros com esse saudável meio de transporte. Para esses há uma infinidade de utilitários para que possam levar consigo tudo o que necessitam. O mais comum deles são diferentes formatos de bolsas que se atrelam a distintas partes da bicicleta. Há bolsas grandes para serem penduradas na parte traseira da bicicleta, por cima da garupa. Há bolsas menores para serem fixadas – de alguma forma que ainda não descobri qual é – na barra de ferro da roda da frente, de modo que as bolsas ficam paralelas à roda e o guidon fica livre para fazer as manobras. E há também as bolsas para serem penduradas no guidon. E assim carregam os ciclistas todos os pertences necessários para umas belas férias naturebas.

Com toda essa paixão pela bicicleta, deveriam rever o número de usuários diários desse meio de transporte. 

Larissa d’Avila da Costa, Dresden, Janeiro de 2007.