Nada como ser mãe para experimentar a concretização de vários clichés sobre maternidade e vida com filhos. Até agora, posso dizer que todos eles são verdade, e, nada mais certo do que essa definição: “ser mãe é padecer no paraíso”.
Toda nova mãe padece na fase de adaptação porque terá que descobrir-se novamente. Terá que descobrir uma pessoa que se doará por inteiro, que pensará primeiro na cria depois em si, que abdicará do seu tempo livre para dedicar-se ao filho, que aguentará muitos choros e tentará manter a calma, que se angustiará com a primeira febre, que se sentirá insegura a cada pequeno desconforto do seu bebe. Descobrir uma mãe dentro de si pode resultar um processo longo e por vezes angustiante.
O padecimento não acaba por aí, a cada nova fase do seu filho virão novas preocupações e novos desafios. Educar não é uma tarefa fácil, exige paciência, serenidade, constância e firmeza, qualidades nem sempre fáceis de se ter disponíveis 24 horas.
E o paraíso? Onde anda ele? O paraíso consume-se concretizando um outro cliché: “mas quando o seu filho abre um sorriso, você esquece tudo”. E eu complemento, pelo menos por um instante esquece mesmo.
Nada mais gratificante do que o sorriso de uma criança, do que uma gargalhada sincera, do que ver o seu olhar de entrega e confiança quando se está amamentando, de admiração e agradecimento quando está sendo cuidado. Esse é o pequeno paraíso proporcionado às mães.
E, imagino, quando essas criaturinhas tornarem-se adultos corretos, sensatos e felizes, imagino que o paraíso é sentir orgulho de todo o padecimento e saber que não foi tudo em vão.
Larissa d’Ávila da Costa, Mannheim junho 2011.