Comida à mesa

Estava conversando com a minha mãe no telefone quando o meu marido disse: “o jantar está quase pronto. 2 minutos”. Eu disse a ela: “mãe, daqui a pouco vou ter que desligar. O Christian já avisou que o jantar estará pronto em dois minutos”.

Minha mãe caiu na risada: “dois minutos nem existe no Brasil. Que engraçado” e gargalhava no telefone.

Meu marido ouviu e começou a sorrir. Dois minutos cronometrados no timer. Nem mais nem menos, quando apita, temos que estar sentados à mesa, esperando a comida ser servida.

O Christian é alemão e gosta de cozinhar. Cozinha maravilhosamente bem. Tomou gosto com a mãe dele, aprendeu as receitas de família, aprimorou as técnicas e prepara comida brasileira melhor que eu. O que não é tarefa difícil, diga-se de passagem, dado o fato que eu detesto cozinhar.

Como ele sempre se esmera ao cozinhar, ele espera que apreciemos a refeição como se deve, respeitando também o trabalho que ele teve para prepará-la. Assim que, ao avisar a família que a comida está quase pronta, ele espera que nós estejamos sentados à mesa, esperando a comida ser servida.

E ao servi-la, temos que esperar que todos a tenham no prato, inclusive o cozinheiro, para só então desejarmos bom apetite e começarmos a comer todos juntos. E isso todos os dias, sem exceção.

Larissa d’Avila da Costa. Gilching, maio 2023.