A ansiedade do ser humano, faz com que ele conte os dias infinitamente. Contamos os dias para o nascimento de um filho, para a chegada de alguém (e, eventualmente, para a partida), para o dia de um grande acontecimento, para o começo das férias e também para o final delas – ainda que esta última sempre com pesar.
Observo, nos meus filhos, que a espera e ansiedade pelo o que vai acontecer começa desde muito cedo, mas, para os pequenos, sem muita ideia dos dias e semanas, a referência da passagem do tempo são as noites: “tem que dormir mais duas noite para chegar o teu aniversário.”
Esse acontecimento que eu vou relatar, é bem curioso para nós brasileiros expatriados em terras acima da linha do Equador. Na iminência de um outono chuvoso, sombrio e um inverno longo e escuro, os alemães estão contando atualmente os últimos dias de calor de um verão tardio, que está durando setembro adentro.
Todos os dias dessa semana, ouvi alguém comentar: „o calor vai durar até quinta. Sexta já vai chover, temos que aproveitar”. No rádio a mesma coisa, o locutor dá a previsão do tempo e logo em seguida sugere: “aproveite o tempo bom, saia para a rua, vá para um lago ou piscina, logo isso vai acabar”.
Essa contagem é em tom de pesar. Sair e fazer uma atividade ao ar livre torna-se praticamente uma obrigação. Para quem nunca morou em países frios, não consegue entender a dimensão dessa “obrigação”. Há que se aproveitar o sol e calor, pois passaremos uma boa temporada sem eles
Larissa d’Avila da Costa, Gilching setembro 2016