A primeira vez que comi um frango assado na Alemanha foi na Oktoberfest em Munique. Havia vários quiosques com diferentes tipos de comida e mesinhas para se comer em pé na frente do balcão. Optamos por ele porque estava com um cheiro maravilhoso.
Não havia muitas opções de pedi-lo: ou pedia-se ele inteiro ou a metade. Dedici pegar uma metade e ele me foi servido num prato de papelão, sem talheres, somente com um guardanapo e uma dessas toalhinhas desengordurantes. Olhei para o meu amigo brasileiro, que já estava na Alemanha há muito mais tempo que eu, e nem precisei perguntar, que ele já me respondeu: “é assim mesmo, se come com as mãos”. Então tá… mãos a obra… Foi uma experiência meio primitiva, mas enfim, a gente se adapta aos costumes locais.
Com o passar do tempo, aprimorando meus conhecimentos na cultura local, aprendi que os alemães comem muito frango assado. Mas eles não o comem como a carne acompanhando o prato principal, como é usual no Brasil, senão como o próprio prato principal. E o acompanhamento é, em geral (notem a surpresa), salada de batata ou batata frita.
Agora já adepta a culinária alemã, costumo comprar frango assado no “trailer televisão de cachorro” perto de casa. O dono do negócio tem um trailer transformado em cozinha com uma grelha e cada dia da semana está em um bairro da cidade vendendo o seu franguinho. É um ambulante do frango assado.
Essa semana me deu vontade de comer a famigerada ave assada com salada na janta e saí de casa naquele horário crítico que vocês já conhecem, um pouco antes das 18 horas. Além de comprar alguma coisa para a janta, tinha ainda que passar na lavanderia, por isso pensei em pegar o frango na volta para casa. Com essa idéia, passando na frente do ambulante do frango assado, parei um momento e perguntei muito sorridente:
– Até que horas está aberto?
Se o alemão não tivesse uma cara de tão alemão e não tivesse me respondido num dialeto muito típico da região, eu juraria que ele era portugues, porque ele me respondeu o seguinte:
– Até a hora que eu fechar a janela.
Fiquei pasma… e disse:
– E isso seria…
– Normalmente às 18 horas, mas como agora já são 18 horas, e eu ainda vou começar a limpar para encerrar, vou levar ainda uma meia hora.
Pois bem! Saí furiosa com a resposta do alemão e decidi não comprar mais frango nenhum. Nunca vou entender porque eles precisam ter tanta pressa em fechar o negócio deles pontualmente. E isso que ele ainda devia ter no mínimo uns 7 frangos lá para vender.
Comentando o caso com o Christian a noite, ele me respondeu o seguinte:
– Você acha que o cara vai dar bola para vender um frango? Ele dirige um Audi Q7 (uma camionete nova da Audi), ele já tem dinheiro suficiente!
Ainda inconformada respondi:
– Mesmo assim não precisava ter dado uma resposta dessas…
Mais um episódio da minha vida na Alemanha. Pelo menos eles rendem uma boa história.
Larissa d’Ávila da Costa
Mannheim, julho 2009.