Guarda-sóis nas sacadas

Essa quem observou foi a minha mãe, enquanto esteve de visita por essas bandas: nos dias muito quentes, os alemães abrem guarda-sóis nas sacadas para proteger os apartamentos do sol.

É esquisito, mas tem uma explicação lógica. Primeiro eles não estão acostumados com muito calor e muito menos quando esse calor dura mais que uma semana interrupta. Eles sofrem. Sofrem muito.

Além do fato de não estarem acostumados a passar calor, as casas aqui são preparadas para o frio intenso e não para altas temperaturas. As casas e prédios alemãos são construídos com tijolo muito mais grosso que o brasileiro. Na parte externa das paredes é colada uma espécie de isopor de aproximadamente 20cm, que tem a função de reter o calor dentro de casa. Na parte interna há um revestimento de um papel de parede muito grosso, tipo um papel muito resistente com a mesma função.

As janelas são de vidro duplo, não há frestas entre janelas e parede, por ali não passa vento nenhum. O teto da casa, assim como as paredes, são revestidos internamente com esse isopor especial e uma espécie de esponja. Tudo isso para isolar o frio e reter o calor interno dos ambientes.

Agora imaginem todo esse revestimento em dias com temperaturas acima dos 30°C! É insuportável. Por mais que se abram as janelas, o calor não sai. Realmente o revestimento funciona, e como não se tem ar-condicionado, há que suportar as altas temperaturas dentro de casa, aliviando o sofrimento com ventiladores.

Por isso os guarda-sóis ou toldos nas sacadas, na tentativa de impedir que o sol entre direto nos ambientes e deixe os apartamentos um real forno.

Outra observação sobre as altas temperaturas no verão: se durante o período de calendário escolar, a temperatura local (exterior) da escola atingir 28°C até as 10 da manhã, as aulas são suspensas por causa do calor! O mesmo acontece no inverno, se há tempestade de neve, as aulas são suspensas. Meu marido contou que durante toda a vida escolar dele, ele se valeu muito mais da suspensão de aulas no inverno que no verão. Decididamente não adianta esperar por milagres de verões tropicais no hemisfério norte do mundo.

Larissa d’Avila da Costa, Mannheim julho 2010.