Se você é amante da jardinagem, acha relaxante e tal, então desaconselho a ler essa crônica.
Essa crônica é dedicada àqueles que, como eu, são absolutamente urbanos e que no Brasil conheciam jardinagem apenas como o jardineiro que ia regularmente à sua casa cuidar das plantinhas.
Se você se encaixa no perfil da crônica, então vamos lá, para o drama da jardinagem “do it yourself”, porque você não tem dinheiro para pagar um jardineiro à 20 euros por hora!
Pois bem, para quem não tem ideia da coisa, jardinagem é realmente um negócio muito lucrativo. Você vai na loja de materiais de construção e há um departamento enorme com todos os apetrechos necessários para a tal “atividade relaxante”. Aí, você, como novato, pensa: não deve ser tão difícil comprar uma enxada, uma pá e uma tesoura de cortar plantas para começar.
Ledo engano. Você entra no departamento de jardinagem e se depara com dezenas de tipos e tamanhos diferentes de qualquer ferramenta que você pense em comprar. Enxadas, rasteis, pás, tesouras para flores ou galhos, serras elétricas e manuais, mangueiras, direfentes tipos de terra, todos os tipos imaginaveis de sementes de flores e mudas de árvores, umas ferramentas que eu nem sei o nome e algumas que nem descobri para o que serve, tamanha é a variedade de utensilhos de jardinagem. Então você leva mais ou menos duas horas para conseguir se decidir sobre o que você precisa e o que pode pagar.
Chegando em casa, lá está ele, o jardim de uma casa alugada, do qual os inquilinos anteriores nada ou pouco se ocuparam, ou seja, o pátio está tomado de mato! Você até pode reconhecer umas roseiras e arbustos no meio do matagal, mas o mato domina. Mãos a obra!
Depois de uma tentativa frustada de arrancar o mato com a enxada, você apela para a serra elétrica, e começa a serrar tudo o que é verde e não tem flor, para conseguir, dessa forma, chegar até a terra. Batizei esse procedimento de “o massacre da serra elétrica”!
Pois bem, duas horas serrando o matagal e aparando as hastes de uns arbustos que estavam crescendo enlouquecidamente por todos os lados para conseguir enxergar o que havia por tras deles! E isso foi só o basico, a limpeza do local para depois disso conseguir plantar alguma coisa decente.
E se voce pensa que acabou, naaaoooo….. depois dessa trabalheira toda, você constata que ainda tem que dar um jeito de levar todo o resto de plantas para algum lugar. E aqui na Alemanha há um lugar específico para se jogar resto de plantas. Portanto, mais trabalho, transportar os resíduos botânicos para o lixão organico.
Depois do serviço acabado, olhei para os meus pés encardidos de terra, meus braços e pernas picados de mosquito, suor e pensei: bons tempos aqueles de dondoca no Brasil!
Larissa d’Avila da Costa, Gilching julho 2016.