O tal do „frische Luft“

Não estranhe se você vier no inverno para a Alemanha e algum alemão o convidar para dar um passeio a pé para tomar um ar fresco, o tal do „frische Luft“. Eles adoram se arejar, e também arejar a casa mesmo com muitos graus abaixo de zero.

É uma coisa que brasileiro não entende, porque o nós vivemos na rua, com as janelas das casas abertas, e nem conseguimos imaginar como é passar meses com frio, chuva e neve dentro de casa. O frio e tempo feio na Alemanha começa em meados de novembro e só vai acabar (com muita sorte) na metade de março. O problema não é só o frio, é também a escuridão. Além de os dias no inverno serem muito curtos (amanhece às 8 da manhã e o sol se vai às 4 da tarde), pode-se passar semanas sem ver uma nesga de raio de sol. Isso é para matar.

Então, se formos esperar o tempo melhorar para sair para a rua, iríamos hibernar quase que a metade do ano. Não dá. Há que tomar o tal do ar fresco.

Aí vem uma situação dessas para brasileiros novatos:

          Tá a fim de dar uma volta?

          De carro?

          Obvio que não, a pé, para tomar um ar fresco.

          Que ar fresco o escambal! Está uns cinco graus negativos na rua!

          E o que que tem? Não há tempo ruim, se as roupas são adequadas.

          Nem pensar! Aqui está bem quentinho, aconchegante.

          Mas voce tem que sair um pouco, dar um passeio.

          Não não, está muito frio e aqui está ótimo.

          Bem, se você não quer sair, então teremos que abrir as janelas de casa para renovar o ar.

          O que?? Abrir as janelas?

          Sim, para renovar o ar dentro de casa, faz mal ficar muito tempo com o mesmo ar da calefação, fica muito seco.

          Aiii… voce não desiste mesmo, hein?

          Claro que não, sou alemão!

E assim, vai lá o alemão, escancarar as janelas da casa, todos os dias, pelo menos uns 10 minutos para renovar o ar.

E devo admitir, faz mesmo bem, tanto dar um passeio no frio quanto renovar o ar da casa.

A única coisa que realmente me incomoda é ter que se encasacar toda antes de colocar o pé para fora de casa. Haja saco…

Larissa d’Avila da Costa, Dresden Janeiro 2012.