Esse relato foi experiência de um casal de amigos meus brasileiros, que vieram para a Alemanha visitar uma família nativa. Eles eram pen palls (amigos de cartas –sim, daquelas à moda antiga) há mais de 20 anos. Para acabar com o anonimato pessoal, os brasileiros resolveram vir para a Alemanha durante as férias e conhecer a família.
Toda a função do planejamento da viagem começou com uns seis meses de antecedência: quando cada um poderia tirar férias, a melhor época do ano para viajar, o que eles poderiam ver e fazer na região. Até acertar a data e as compras da passagem, estava tudo dentro da normalidade.
Depois da compra das passagens, o casal brasileiro relaxou, ainda falta muito tempo, o resto a gente vai vendo aos poucos. O casal alemão, por sua vez, começou com o bombardeio de perguntas: o que vocês vão querer fazer nesse período, para onde viajarão, quando e como?
Os brasileiros não tiveram outra opção senão a de entrar no esquema alemão, planejar tudo nos mínimos detalhes, com datas certas de inda e vinda para os lugares que gostariam de visitar. Com essas informações, os alemães prontamente já compraram todas as passagens de trem para os visitantes. Isso porque ainda faltavam 4 meses para a vinda deles à Alemanha!
Aí então os brasileiros relaxaram: “bom, agora não deve ter mesmo mais nada para planejar”. Pois eis que, duas semanas antes da partida deles do Brasil, meu amigo recebe um whatsapp dos alemães perguntando:
– O que vocês costumam beber? Água, refrigerante, suco?
– Água e suco, respondeu o brasileiro.
– Água com gás ou sem? E que tipo de suco: de laranja, de maçã ou algum outro.
O brasileiro caiu na risada e me contou o episódio. Um dia antes de ele voltar para o Brasil, mandou-me uma foto do churrasco à alemã que os anfitriões tinham feito para ele. Aí eu perguntei: “e daí, pediu aquela coca bem gelada?“ „nem cogitei, não estava na lista“, foi a resposta.
Indagados se viriam ao Brasil para conhecer, disseram que sim. Aí foi a vez do futuro anfitrião brasileiro ditar as regras: “Ok, mas vou logo avisando… não poderemos planejar nada, porque nosso principal divertimento será a praia, e dependeremos do tempo, com 1 ou 2 dias de antecedência para saber se poderemos ir.” E sorriu. J
Baseado na experiência de Eduardo e Erica
Larissa d’Avila da Costa. Dresden junho 2015
