Sentimento ser brasileiro

Em época de profunda crise no Brasil, entristece-me muito ouvir ou ler comentários como: “dê graças a Deus por você estar fora do país!”. Os residentes no exterior têm o mesmo sentimento daqueles que residem no país, indignação, vergonha, tristeza, falta (ou ainda um resto) de esperança por um futuro melhor para a pátria amada.

Não importa os motivos pelos quais os imigrantes brasileiros residam no exterior, o sentimento pelo país, a esperança que ele seja uma grande nação livre de violência, do caos da saúde pública e educação e da corrupção, remanesce em todos nós.

Desconheço alguma pesquisa que indique quanto por cento de brasileiros expatriados voltariam imediatamente para a terra natal, se as condições básicas de qualidade de vida fossem adequadas e se a família criada no exterior concordasse com a mudança. Aposto que no mínimo 80% dos brasileiros responderiam que voltariam de bom grado para o nosso querido país se dependesse somente do “sentimento”, da saudade, de estar novamente entre seus entes queridos, de viver do jeito que somos e como somos. Infelizmente outras condições como emprego, segurança, saúde, escola, impõe a muitos brasileiros a opção de viver no estrangeiro.

Mas nem por isso deixamos de querer um Brasil melhor, de lutarmos, à nossa maneira, por manter a cultura, ensinando portugues aos nossos filhos, prestigiando shows, cinema, exposições e eventos brasileiros em geral, procurando amizade com nossos patrícios.

Por esse motivo, causa-me profunda tristeza esse tipo de comentário, porque se pudéssemos, estaríamos aí sim, vivendo nesse país lindo, saindo às ruas, independente de partido político. O que queremos é um país digno para se viver, para que ele seja, no futuro, não uma opção de fuga, mas sim, de volta para todos aqueles que, como eu, tem orgulho de ser brasileiro.

Larissa d’Avila da Costa, Gilching Dezembro 2016